
Sempre fui meio obcecada pelo quadro “A persistência da memória”, de Salvador Dalí, ainda que não o compreendesse direito. Aqueles relógios derretidos me deixavam intrigada. Quando descobri que se tratava de uma metáfora para o desejo do homem de flexibilizar o tempo, pensei: brilhante!
Há muito que me minha relação com o tempo é delicada. Eu, que sempre amei o devaneio lento, a abstração, a apreciação contemplativa, fui arrastada pelo tufão da vida moderna.
A modernidade nos aprisiona num labirinto de obrigações, tarefas, prazos, fazendo-nos reféns dos relógios. É uma rotina automatizada - acordar cedo, trabalhar, estudar, cuidar da casa, ir ao médico, a reuniões, pagar aquilo no dia tal.... Agendamos, inclusive, o divertimento.
O tempo foi otimizado, principalmente, na mídia, com informações bombardeadas em ritmo alucinante, fragmentando cada vez mais a nossa percepção. Nesse panorama, pouco espaço resta para a memória, que diante de uma grande variedade informativa, tem de ceder lugar. E aí se perdem experiências repletas de significado e sentimento, coisas gostosas da infância, "causos" engraçados, perfumes, cores, lugares, músicas que, outrora, cantávamos sem parar e agora cortamos um dobrado pra lembrar um único versinho.
Sou uma saudosista perdida na pós-modernidade. Vivo agarrada às minhas lembranças e experiências, através de agendas, álbuns, cartas, blogs. Queria poder sentir a vida ao sabor das sensações, dos desejos, das necessidades. Odeio o esquema burocrático da vida.
Pelo menos, ainda posso degustar minhas lembranças, sentir-lhes o doce sabor de coisa boa que, a despeito do tempo, ainda não me abandonou.
Escrevi esse texto em 2006, mas, atualmente, tenho tentado sofrer menos em virtude do tempo. Ainda bem que, graças à criatividade dos designers, ver a hora se tornou menos enfadonho. Vejam só:
Versões com timer:


Maçãs e pimentinhas:




Há as versões de mesa, como os da Rosamundo:

Agora os meus. Esse é um vinil com pintura pop art, que encontrei na Terra Nossa, loja aqui do Rio. Lá tem vários desse tipo, com o Elvis, a Audrey Hepburn ou pin ups.


Esse é o que quase me mata do coração todas as manhãs:

E vocês, gostam de relógios divertidos, ou preferem os clássicos?
***
Ouvindo: The Beatles - Happiness is a warm gun
adoro os divertidos!
ResponderExcluiracho lindo um de vinil, que vi na loja do Brother Simion aqui em Sampa, e queria um desses vintage como os da Rosamundo..
lindos!
Amei o seu de frigideira.
ResponderExcluirÉ como diz meu chefe..o tempo falta.
Eu mesma preciso aprender a otimizar melhor o meu tempo, pra sobrar um pouco mais pra mim. Ultimamente, meu tempo é, trabalho, filha, marido, casa. Pra mim sobra tão pouco...
again i dont realy know what the post is about the first pic captured my attention. salvador dali right? amazing.
ResponderExcluiri am guessing its something to do with clocks and time. hihi
xoxo
mina
www.thefabulousgirlsguidetofashion.blogspot.com
Pessoas ansiosas não se relacionam muito bem com o tempo, isso é fato. Acho que poderia (e queria) fazre muito, muito mais. Se penso nisso, me sinto desesperada. Eu não acredito que tenhamos apenas uma vida, mas acho que cada vida é curta demais diante da enormidade de coisas que a gente pode fazer.
ResponderExcluirPra vc ter idéia da minha relação de ódio com o tempo, uma vez teve uma reportagem do Fantástico onde, ao final, perguntavam quando tempo nós imaginávamos que teria durado a reportagem. Eu chutei 20 minutos. Foram 3. Isso explica minha ansiedade um pouco! rs...
Seus relógios são lindos!
B-jinho.
Os dois Aline! Meu gosto é tão excêntrico que gosto de misturar o clássico e o divertido.
ResponderExcluirEsse seu relógio de pop-art é um máximo!
Ah, Salvador Dalí é um dos meus pintores prediletos. Amo-o de paixão!
bjokasss
amanhã eu te mando uma foto do meu relógio e do quarto vermelho (que virou depósito).
ResponderExcluirse cuida pra piorar, mocinha!
beijos!
meu love tem o do pneu e eu tenho o azul com som de vaquinha assassina, hehe!!!
ResponderExcluire quem foi o fotógrafo das fotos do post anterior? tô c ciúmes :P
Aline querida!
ResponderExcluirComo vc escreve bem!
Sabe q penso sobre o tempo exatamente como vc! Já tive uma relação doentia com o tempo, de tentar lutar contra, óbvio, inutilmente!
A rotina, o esquema burocrático da vida me fez muitas vezes doente na tentativa de adaptar todos os meus anseios em uma única e curta vida. Hoje, com o tempo (veja a ironia), aprendi q há coisas na vida q não há como controlar, como por exemplo o pouco tempo q temos para tantas vontades.
Aline, estou a tão pouco tempo nesse mundo do blog e estou maravilhada com as pessoas incríveis q venho conhecendo, e vc é a q encabeça a lista dessas pessoas encantadoras!
Bjo amiga!
Ah! Tenho q falar! Vc tá um charme com esse lenço de bolinhas na fotinho do perfil!
ResponderExcluirLINDA!
Vc sabe usar lenços como ninguém!
ResponderExcluirAmei o texto!
ResponderExcluir"Eu, que sempre amei o devaneio lento, a abstração, a apreciação contemplativa, fui arrastada pelo tufão da vida moderna."
Identifico-me completamente!
E adoro relógios divertidos!
Amei as pimentinhas e a frigideira!
Beijo!
OS relógios de porquinho, vaca e galo eu já vi em lojas daqui...e quase comprei, rsrsrsr.
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